Peru – Lima, a cidade dos reis

Hoje damos inicio a mais uma série do canal Viaje Comigo. Nosso destino será o Peru, onde viajamos durante 35 dias. A expedição aconteceu entre Dezembro de 2008 a Janeiro de 2009. Nossa primeira parada foi em Lima, a capital do país e uma das maiores cidades da América do Sul. Abaixo faço uma seleção de alguns trechos do nosso diário de bordo, repleto de comentários e dicas de viagem. Vamos viajar? Então, Viaje Comigo!

Lima é uma cidade fascinante, movimentada e antiga. Sua história como cidade colonial começa a mais de 500 anos, mas sua história pré-colombiana vai muito mais longe. Começamos nossa visita pelo centro histórico.Visitamos a Plaza de Armas, onde estão representados os principais poderes do país, o Palácio Presidencial representando o governo federal, a prefeitura de Lima (a cidade mais importante) e a Catedral de Lima representando os peruanos católicos, quase 80% da população do Peru.

 

Visitamos também o Mercado de Surquillo, um dos muitos mercados populares de Lima, que contém um pouco de tudo o que é produzido no país. É uma boa maneira de conhecer os produtos locais e começar a pronunciar nomes estranhos (para nós) como Chirimoya, Lucuma, Granadillos e Tuna. No mercado também notamos uma grande variedade de batatas (original dos Andes) e espigas com milhos de todas as cores. Não sabia que havia tantas.

Almoçamos no museu Larco Herrera, um dos mais importantes da cidade. Construído sobre um antigo templo (ainda conservado no seu subsolo), o museu primeiro impressiona pelo lindo jardim. No portão de entrada a Ingrid encontrou um cachorro estranho, sem pelos. Disseram-nos ser uma raça natural do Peru, antiga e quase em extinção. O museu tem peças de cerâmica representando quase todas as civilizações que já habitaram o Peru. Há também um cofre especial com peças de ouro e prata, também visitamos o depósito do museu que está aberto a público. Todas as salas estão cheias de prateleiras lotadas de vasos antigos que chegam até o teto. Estes vasos são especiais, pois são um espécie de enciclopédia das antigas culturas. Neles estão representados pessoas, frutos, animais e costumes das civilizações do norte do Peru como os Moches e os Chavin. O museu reserva uma sala somente para os vasos com motivos eróticos cujas fotos não podem ser mostradas neste horário.

E já que estamos falando de esportes radicais, a Ingrid resolveu aproveitar a ocasião para realizar um antigo sonho, voar de paraglider (ou parapente). As falésias em Miraflores são ideais para o vôo em lift, quando o vento que sobe da costa mantém o paraglider voando. Na rampa de decolagem conhecemos Max Leon, um dos organizadores do esporte na cidade. Ele se ofereceu para fazer um vôo duplo com nossa filha. Depois de decolar, eles voaram durante uns 20 minutos pela costa, passando por cima do Larcomar e também dos hotéis na costa. Quando ela voltou tinha o rosto brilhando de tanta alegria. Foi um lindo batismo. Se um dia você vier a Lima, também poderá voar, basta vir até a rampa de decolagem perto da praça dos amores e falar com o Max ou um de seus amigos.

A tarde estivemos na Huaca Pucllana, uma pirâmide cerimonial construída com tijolos de adobe (mistura de barro e palha). Esta construção de 1.700 anos só resistiu aos terremotos e as intempéries por seu estilo único de construção. Ao invés de colocar os tijolos deitados, eles foram colocados na vertical, como livros em uma estante, um ao lado do outro. Este tipo de construção absorveu o impacto dos tremores comuns nesta região e permitiu que resistissem até os dias de hoje.

No por do sol, estávamos em San Isidro, um dos bairros mais nobres da cidade. Na região existe um clube de golfe, hotéis luxuosos, lojas de grife e um parque com oliveiras plantadas pelos colonizadores espanhóis há quase 400 anos. Apesar de ser um parque (enorme), existem casas em estilo europeu espalhadas entre as oliveiras que ainda produzem azeitonas duas vezes ao ano.

Temos dormido pouco e isto, associado ao calor do verão e o agito da cidade nos tem cansado bastante. O barulho é constante. Aqui todos buzinam o tempo todo, por todas as razões, sempre e o tempo todo (acho que já falei isto). Creio que é um esporte nacional. E quem não buzina, apita. Os guardas nos parques, os de trânsito, os seguranças das lojas. Todos. Acho que quem não pode comprar uma buzina, compra um apito e se vira com ele.

Outro dia visitamos o bairro chinês. Não sabia que havia tantos chineses em Lima. Creio que é a maior colônia estrangeira no Peru. Eles chegaram em 1849 para trabalhar na agricultura e não saíram mais. Hoje seus descendentes estão espalhados por toda a cidade, mas se concentram especialmente em Chinatown, com suas ruas tipicamente decoradas, lojas de importados e restaurantes. O piso da rua principal foi todo feito com lajotas doadas pelos limenhos durante as comemorações dos 150 da comunidade. Da mistura da cozinha oriental com os ingredientes peruanos fez surgir as Chifas, restaurantes que são uma verdadeira mania dos limenhos. Pratos orientais com o tempero da região. Hummmmmm!

Visitamos também Pachacamac, um centro cerimonial da civilização Lima, datado do ano 300 D.C. Pachacamac era o deus supremo, criador de tudo e de todos. O interessante é que cada civilização que os sucedeu em Lima continuou a adorar o seu próprio deus no mesmo lugar, sem destruir os antigos templos. Os últimos foram os Incas que ergueram o maior e mais alto dos templos dedicado ao deus sol. O resultado é um complexo gigantesco, cuja grande parte ainda esta enterrada.

Tivemos também o “privilégio” de experimentar uma iguaria de Huancayo, uma província nos Andes, o Suco de rã, considerado fortificante para os ossos e músculos. Em um liquidificador foram acrescentados suco de Maca (considerado afrodisíaco), mel, algarrobina (extraído de uma árvore do deserto) e obviamente uma bela e fresca rã. Tudo é batido por alguns minutos e servido quente. Agh! Não foi fácil encarar, mas eu e a Sandra cumprimos a tarefa e tomamos a bebida anfíbia. Agora ninguém me segura!

Almoçamos em um dos restaurantes mais famosos de Lima, o Rosa Náutica, construído sobre um píer de madeira. Dentre os pratos que nos foram servidos estava o Ceviche, estrela da culinária peruana. Trata-se de pedaços de peixe curtidos no limão e servidos acompanhados de batata doce, milho branco, cebolas cruas, algas marinhas e rococó, parecido com nosso pimentão vermelho. Forte, porém saboroso. Aproveitamos para conhecer a praia dos Limenhos, feita de pedras e não de areia. Uma boa parte da costa é ideal para o surf, praticado por muito locais mesmo nas águas frias da corrente de Humbolt.

Hoje quero escrever sobre um dos mais recentes atrativos turísticos de Lima, o Parque da Reserva ou Parque das fontes Mágicas, com é chamado pela população. Neste complexo em pleno centro limenho, foram instaladas 12 gigantescas fontes de vários formatos, estilos e cores. Algumas delas são interativas, com a Fonte Túnel onde você caminha por dentro de um arco de água ou a Fonte das Crianças, cujo objetivo é brincar e molhar-se nos jatos de água que saem de surpresa do chão. Existem fontes artísticas como a Pirâmide e também as que impressionam pelo tamanho. A maior delas atinge 80 metros de altura. No centro do parque esta principal de todas as fontes, com uma centena de metros de comprimento. Ali diariamente são apresentados espetáculos de música, cores e jatos de água. Projeções de motivos peruanos também são feitas sobre uma cortina d´água. Se um dia vier a Lima, não deixe de visitar o Parque da Reserva. Você vai adorar!

O almoço foi no restaurante Puro Peru (bairro de Barrancos) que tem um grande buffet de comida típica. Já havíamos provado muita coisa, mas ainda faltavam alguns pratos importantes. Dentre eles quero mencionar os “Anticuchos”, prato bem popular que consiste em um espeto com carne de coração de boi. Outro prato é a “Causa”, uma massa feita de batata recheada com carne, frango ou peixe. Entre as sobremesas provamos o “Suspiro Limeño” (com doce de Leite) e Mazamora Morada, uma gelatina feita com milho roxo acompanhado de canela e pedaços de frutas, uma delicia! Não poderia terminar sem mencionar os Picarones, um tipo de rosquinha frita que é servida com melado de Cana de Açúcar. Imperdível!

Fomos jantar no restaurante Junus (Miraflores) assistir a um show de dança folclórica. Dentre as várias danças apresentadas, duas nos chamaram a atenção. Uma foi a “Marinera”, uma dança originada a região de Trujillo (norte) e que tem uma versão Limenha. Nela, um rapaz com chapéu largo e uma moça com um lenço trocam cortesias e galanteios. Na dança original o homem monta um cavalo de Peruano de Paso e circula em volta da moça com destreza. Posso dizer que esta é a dança mais representativa do Peru. Outra dança que nos chamou a atenção foi a “Danza de las Tijeras” (tesouras), originária da região de Ayacucho. Acompanhados por violino e harpa, os bailarinos dançam levando na mão as lâminas separadas de uma tesoura. Com habilidade usam as partes como instrumento de percussão enquanto dançam. A dança representa uma disputa entre quem consegue fazer os movimentos mais estranhos tocando as tesouras sem perder o equilíbrio. Impressionante!

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Peter Goldschmidt
Peter é membro da Família Goldschmidt e diretor-consultor de turismo da agência Gold Trip. www.familiagold.com.br //www.goldtrip.com.br

 

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Página original: http://www.goldtrip.com.br/viaje-comigo-peru-lima/