Lisboa – Onde tudo começou

 Depois de 14 dias de viagem e mais de 9 mil quilômetros navegados, finalmente desembarcamos em Lisboa, capital de Portugal. Foi uma travessia muito bonita, porém, faltava chegar na Pátria -avó, ou seja, a mãe da Pátria-mãe. Afinal, o objetivo da nossa aventura é conhecer a nossa história e entender de onde viemos. Por isto, precisavamos terminar esta viagem em Portugal, o lugar onde tudo começou. Conhecer de onde partiram os exploradores que desbravaram a África, a Índia e o nosso Brasil.

 

A capital Lisboa não é grande, tem pouco mais de 600 mil habitantes (a grande Lisboa tem mais de 2 milhões). Logo que chegamos ficamos impressionados com a beleza da cidade debruçada sobre o caudaloso rio Tejo.

Durante alguns dias, visitamos os principais atrativos da cidade.
Começamos nossa visita pelo bairro do Rossio, onde caminhamos e exploramos um pouco da parte comercial da cidade. Dali embarcamos no Elétrico (bonde) número 28, que percorre os principais pontos turísticos da cidade e suas sete colinas.
São bondes pequenos, antigos e cheios de charme. Depois de algumas paradas chegamos ao alto de uma colina onde encontramos o Castelo de São Jorge, uma fortaleza muito importante para Lisboa e para Portugal.
Foi neste lugar que, em 1.147,  o cavaleiro Don Afonso Rodrigues expulsou os invasores Mouros que ocupavam a região e fundou a cidade, tornando-se o primeiro rei de Portugal. Apesar do nome, não existem propriamente um castelo de São Jorge, e sim uma fortaleza murada com uma das melhores vistas da capital portuguesa. Uma beleza de lugar!

Depois do Castelo, resolvemos descer a colina através das escadarias de Alfama. Este antigo bairro era o reduto dos Mouros, Judeus e pescadores, pois ficava perto do mar. É uma das partes mais antigas da cidade e sobrevivente do grande terremoto de 1.745, que devastou Lisboa. Possui muros antigos e casas forradas de azulejos brancos e azuis, uma decoração tipicamente portuguesa. Outra “decoração” tipica daqui são as roupas secando nas janelas dos prédios.

Praticamente em todo o edifício existem alguma roupa pendurada ao sol. As ruas de Alfama são estreitas e ingrimes, revelando a beleza a cada  esquina.

Aos pés de Alfama, passamos rapidamente pela casa dos Bicos, uma construção do século XV que passa facilmente por uma obra de um arquiteto pós-modernista. Depois, fomos novamente até a região central para conhecer o bairro de Chiado, o mais turístico e chique da parte antiga da capital. Caminhamos por várias ruas passando por igrejas e cafés até chegarmos a parte mais baixa onde está a rua Augusta. Esta movimentada avenida aberta somente para pedestres, nos conduziu através de um grande portal até a antiga praça do Comércio. Era neste local que viviam os reis e onde chegavam as mercadorias vindas de todas as partes do mundo. Vale mecionar que toda esta parte da cidade é conhecida como Baixa Pombalina, pois foi destruída pelo grande terremoto e depois reconstruída pelo visionário Marques de Pombal.

Depois de conhecer o centro, tomamos um táxi e seguimos para a parte mais moderna da cidade, conhecida como Parque das Nações. Esta região foi revitalizada para receber a Feira Mundial de 1.998 e desde então se transformou em uma área das mais caras da capital. Ali, visitamos o Oceanário de Lisboa, um dos mais completos e belos do mundo.  O próprio prédio foi construído lembrando o mar. Em cada ponta do edifício existem ambientes representando os quatro oceanos do mundo: Antártico, Pacífico, Atlântico e Índico. No centro há um imenso aquário com a altura de dois andares. Neles encontramos peixes pertencentes aos quatro oceanos vivendo no mesmo ambiente, representando que a vida nos mares (e na terra) é uma só, e precisa ser preservada.

Não poderíamos deixar Lisboa sem visitar Belém, um dos seus mais famosos e importantes bairro de Lisboa. Desde o centro, pode-se chegar até ele de táxi, ônibus ou em Elétrico (15).  O centro de Belém é dominado pela imensa Praça do Império. Ao redor dela estão os principais edifícios e monumentos ligados as descobertas e as navegações portuguesas. Um dos edifícios mais impressionantes é o Mosteiro dos Jerônimos, uma grandiosa obra construída no século XVI com o dinheiro produzido pelo rico comércio com as Índias. A sua igreja impressiona pelo tamanho, beleza e riqueza de detalhes, representando o melhor exemplo da arquitetura Manuelina.
As paredes e colunas são minuciosamente ornamentadas com relevos representando plantas e animais exóticos trazidos das terras descobertas. O teto é composto por uma série de vigas elípticas que formam uma grande rede por toda a extensão da catedral. Sob as abóbodas, as vigas têm o formato de estrelas. Há detalhes por todos os lados, por dentro e por fora. É preciso tempo para observá-los com cuidado.  Lá dentro estão enterrados vários reis, rainhas e pessoas que foram importantes na história portuguesa. Logo na entrada da catedral encontramos os esquifes de dois ícones de Portugal. O poeta Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas e o grande navegador Vasco da Gama, o primeiro a chegar as Índias.

Saindo do mosteiro, seguimos então pela Avenida das Índias até as margens do rio, para conhecer a Torre de Belém. Esta fortaleza construída sobre uma afloração rochosa em 1.520, fazia parte do sistema defensivo da cidade. Era também deste lugar que partiam as caravelas em busca de riquezas além-mar.

Caminhamos pela orla do rio até o mais alto monumento de Belém, o Padrão dos Descobrimentos. Este edifício foi criado para homenagear todos os homens que contribuíram para a conquista de novas terras e que tanto prestígio trouxeram  a Portugal. Neles existem 33 figuras em destaque, entre elas os navegadores Bartolomeu Dias, Gil Eanes, Fernão de Magalhães e Pedro Álvares Cabral.

Na frente do monumento encontra-se a representação do Infante Don Henrique, o maior incentivador das navegações e descobertas portuguesas.

O monumento também é um mirante. Lá do alto se tem uma das mais belas vista do Tejo e de Lisboa. Também é um bom lugar para se admirar a praça onde esta desenhada uma rosa-dos-ventos de 50 metros de diâmetro, presente do governo da África do Sul. Nela está contido um mapa-múndi marcando os principais descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI.

Apesar de tanto monumentos, edifico e praças, um dos ícones do bairro não chama atenção pela sua beleza ou imponência, e sim pelo seu inigualável sabor. Os Pastéis são fabricados desde 1837, seguindo a receita original dos monges do Mosteiros do Jerônimos. A receita é transmitida entre os mestres confeiteiros que preparam os Pastéis na Oficina do Segredo. Se vier a Belém, não deixe de experimentá-los.

 

Peter Goldschmidt
Peter é membro da Família Goldschmidt e diretor-consultor de turismo da agência Gold Trip. www.familiagold.com.br //www.goldtrip.com.br

* Em Lisboa tivemos o apoio da Turismo de Lisboa
** Fotos Família Goldschmidt e Eduardo Bovo Junior

*** Este diário faz parte de um relato sobre a viagem de travessia de Santos a Lisboa no navio Vision of the Sea em Abril de 2010.

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Página original: http://www.goldtrip.com.br/viaje-comigo-travessia-brasil-portugal-lisboa/