De Batalha ao Porto

Neste último trecho de nossa viagem pelo norte de Portugal, viajamos principalmente por estradas vicinais, conhecendo o pitoresco e charmoso interior do país. Nosso primeiro destino foi Batalha, lugar histórico  e onde está uma das mais belas igrejas de Portugal. Depois, seguimos para a pequena vila de Monsanto. Construída sobre um afloramento de granito,  Monsanto é considerada a mais portuguesa das aldeias de Portugal. A próxima parada foi no topo da Serra da Estrela para ver a primeira neve da temporada. A viagem continuou até a região da Régua, as margens do rio D´ouro, local de belas paisagens e de vinícolas tradicionais. A expedição terminou nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, ambas as margens do oceano Atlântico. Quer conhecer estes destinos? Então viaje comigo!

 

 

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Sintra – Mafra – Óbidos

Viajar pelo interior de Portugal é reviver um pouco da nossa história.  Suas vilas,  castelos e  seus costumes nos ajudam a entender a nossa própria identidade. Além disto, as cidades do norte do país revelam uma beleza única. Nesta primeira parte de nossa viagem vamos conhecer algumas destas jóias portuguesas.

Sintra, fundada em 1154, já foi morada de reis e rainhas. Seu maior ícone é o Castelo da Pena que ocupa o imponente alto da serra de Sintra. A cidade mantém seu estilo medieval, com ruas e vielas muito estreitas e casas de dois andares.

Mafra é conhecida especialmente pelo seu monastério, também conhecido como Palácio de Mafra. Foi erguido a quase 300 anos  por Dom João V em gratidão por uma graça recebida. Sua catedral em estilo Barroco e sua biblioteca com 36 mil volumes, são seus maiores tesousos.

Óbidos está a apenas 80 quilômetros de Lisboa e mantém as mesmas características que tinha quanto foi conquistada no século XII. Suas muralhas permanecem de pé  e o se castelo ainda  domina sobre o topo da colina. As ruas desta linda cidade estão repletas de lojas de artesanato, cafés e pequenos restaurantes. Uma delícia de lugar!

 

 
 
   
   


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Lisboa

Lisboa – Onde tudo começou

 Depois de 14 dias de viagem e mais de 9 mil quilômetros navegados, finalmente desembarcamos em Lisboa, capital de Portugal. Foi uma travessia muito bonita, porém, faltava chegar na Pátria -avó, ou seja, a mãe da Pátria-mãe. Afinal, o objetivo da nossa aventura é conhecer a nossa história e entender de onde viemos. Por isto, precisavamos terminar esta viagem em Portugal, o lugar onde tudo começou. Conhecer de onde partiram os exploradores que desbravaram a África, a Índia e o nosso Brasil.

 

A capital Lisboa não é grande, tem pouco mais de 600 mil habitantes (a grande Lisboa tem mais de 2 milhões). Logo que chegamos ficamos impressionados com a beleza da cidade debruçada sobre o caudaloso rio Tejo.

Durante alguns dias, visitamos os principais atrativos da cidade.
Começamos nossa visita pelo bairro do Rossio, onde caminhamos e exploramos um pouco da parte comercial da cidade. Dali embarcamos no Elétrico (bonde) número 28, que percorre os principais pontos turísticos da cidade e suas sete colinas.
São bondes pequenos, antigos e cheios de charme. Depois de algumas paradas chegamos ao alto de uma colina onde encontramos o Castelo de São Jorge, uma fortaleza muito importante para Lisboa e para Portugal.
Foi neste lugar que, em 1.147,  o cavaleiro Don Afonso Rodrigues expulsou os invasores Mouros que ocupavam a região e fundou a cidade, tornando-se o primeiro rei de Portugal. Apesar do nome, não existem propriamente um castelo de São Jorge, e sim uma fortaleza murada com uma das melhores vistas da capital portuguesa. Uma beleza de lugar!

Depois do Castelo, resolvemos descer a colina através das escadarias de Alfama. Este antigo bairro era o reduto dos Mouros, Judeus e pescadores, pois ficava perto do mar. É uma das partes mais antigas da cidade e sobrevivente do grande terremoto de 1.745, que devastou Lisboa. Possui muros antigos e casas forradas de azulejos brancos e azuis, uma decoração tipicamente portuguesa. Outra “decoração” tipica daqui são as roupas secando nas janelas dos prédios.

Praticamente em todo o edifício existem alguma roupa pendurada ao sol. As ruas de Alfama são estreitas e ingrimes, revelando a beleza a cada  esquina.

Aos pés de Alfama, passamos rapidamente pela casa dos Bicos, uma construção do século XV que passa facilmente por uma obra de um arquiteto pós-modernista. Depois, fomos novamente até a região central para conhecer o bairro de Chiado, o mais turístico e chique da parte antiga da capital. Caminhamos por várias ruas passando por igrejas e cafés até chegarmos a parte mais baixa onde está a rua Augusta. Esta movimentada avenida aberta somente para pedestres, nos conduziu através de um grande portal até a antiga praça do Comércio. Era neste local que viviam os reis e onde chegavam as mercadorias vindas de todas as partes do mundo. Vale mecionar que toda esta parte da cidade é conhecida como Baixa Pombalina, pois foi destruída pelo grande terremoto e depois reconstruída pelo visionário Marques de Pombal.

Depois de conhecer o centro, tomamos um táxi e seguimos para a parte mais moderna da cidade, conhecida como Parque das Nações. Esta região foi revitalizada para receber a Feira Mundial de 1.998 e desde então se transformou em uma área das mais caras da capital. Ali, visitamos o Oceanário de Lisboa, um dos mais completos e belos do mundo.  O próprio prédio foi construído lembrando o mar. Em cada ponta do edifício existem ambientes representando os quatro oceanos do mundo: Antártico, Pacífico, Atlântico e Índico. No centro há um imenso aquário com a altura de dois andares. Neles encontramos peixes pertencentes aos quatro oceanos vivendo no mesmo ambiente, representando que a vida nos mares (e na terra) é uma só, e precisa ser preservada.

Não poderíamos deixar Lisboa sem visitar Belém, um dos seus mais famosos e importantes bairro de Lisboa. Desde o centro, pode-se chegar até ele de táxi, ônibus ou em Elétrico (15).  O centro de Belém é dominado pela imensa Praça do Império. Ao redor dela estão os principais edifícios e monumentos ligados as descobertas e as navegações portuguesas. Um dos edifícios mais impressionantes é o Mosteiro dos Jerônimos, uma grandiosa obra construída no século XVI com o dinheiro produzido pelo rico comércio com as Índias. A sua igreja impressiona pelo tamanho, beleza e riqueza de detalhes, representando o melhor exemplo da arquitetura Manuelina.
As paredes e colunas são minuciosamente ornamentadas com relevos representando plantas e animais exóticos trazidos das terras descobertas. O teto é composto por uma série de vigas elípticas que formam uma grande rede por toda a extensão da catedral. Sob as abóbodas, as vigas têm o formato de estrelas. Há detalhes por todos os lados, por dentro e por fora. É preciso tempo para observá-los com cuidado.  Lá dentro estão enterrados vários reis, rainhas e pessoas que foram importantes na história portuguesa. Logo na entrada da catedral encontramos os esquifes de dois ícones de Portugal. O poeta Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas e o grande navegador Vasco da Gama, o primeiro a chegar as Índias.

Saindo do mosteiro, seguimos então pela Avenida das Índias até as margens do rio, para conhecer a Torre de Belém. Esta fortaleza construída sobre uma afloração rochosa em 1.520, fazia parte do sistema defensivo da cidade. Era também deste lugar que partiam as caravelas em busca de riquezas além-mar.

Caminhamos pela orla do rio até o mais alto monumento de Belém, o Padrão dos Descobrimentos. Este edifício foi criado para homenagear todos os homens que contribuíram para a conquista de novas terras e que tanto prestígio trouxeram  a Portugal. Neles existem 33 figuras em destaque, entre elas os navegadores Bartolomeu Dias, Gil Eanes, Fernão de Magalhães e Pedro Álvares Cabral.

Na frente do monumento encontra-se a representação do Infante Don Henrique, o maior incentivador das navegações e descobertas portuguesas.

O monumento também é um mirante. Lá do alto se tem uma das mais belas vista do Tejo e de Lisboa. Também é um bom lugar para se admirar a praça onde esta desenhada uma rosa-dos-ventos de 50 metros de diâmetro, presente do governo da África do Sul. Nela está contido um mapa-múndi marcando os principais descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI.

Apesar de tanto monumentos, edifico e praças, um dos ícones do bairro não chama atenção pela sua beleza ou imponência, e sim pelo seu inigualável sabor. Os Pastéis são fabricados desde 1837, seguindo a receita original dos monges do Mosteiros do Jerônimos. A receita é transmitida entre os mestres confeiteiros que preparam os Pastéis na Oficina do Segredo. Se vier a Belém, não deixe de experimentá-los.

 

Peter Goldschmidt
Peter é membro da Família Goldschmidt e diretor-consultor de turismo da agência Gold Trip. www.familiagold.com.br //www.goldtrip.com.br

* Em Lisboa tivemos o apoio da Turismo de Lisboa
** Fotos Família Goldschmidt e Eduardo Bovo Junior

*** Este diário faz parte de um relato sobre a viagem de travessia de Santos a Lisboa no navio Vision of the Sea em Abril de 2010.

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Ilha da Madeira

Depois de visitarmos os destinos no Brasil, nosso navio, o Vison of the Seas, seguiu seu caminho em direção a Europa. A Travessia do Atlantico, entre Salvador e o arquipélago da Ilha da Madeira demorou seis dias. Os dias a bordo, sempre cheios de atividades passaram voando.

 

A ilha da Madeira faz parte de um arquipélago que está sob o dominio de Portugal desde 1419, quando foi descoberto por Tristão Vaz, João Zarco e Bartolomeu Perestrelo. Desde então a ilha passou a ser porto de parada para quase todo o navegador portugues que viajava em direção a África, Índia ou Brasil. Por aqui passaram nomes como Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Gil Eanes, Pedro Álvaro Cabral e Cristovão Colombo. Este último morou aqui durante muitos anos e casou-se com a filha do governador local. Encontramos no porto, uma réplica da nau Santa Maria pertencente a frota de Colombo na sua viagem de descobrimento da América. Apesar de ter um tamanho menor que original, está réplica navega e leva os turistas diariamente por um passeio pela região do porto.

Quando chegaram aqui no seculo XV os primeiros exploradores se depararam com uma ilha desabitada, quase sem praias e coberta por uma espessa floresta Laurissilva. Para desbravar o interior começaram a incendiar a mata nativa para espantar os animais e abrir caminho para o interior. Dizem os históriadores que a ilha queimou durante sete anos seguidos. O clima tropical e o solo de origem vulcanico ajudaram a ilha a se recuperar deste desastre ecológico. Hoje, a ilha da Madeira está novamente coberta de verde. Parte por mata recuperada, parte por milhares de pequenas hortas repletas de verduras, cana de açucar e banana. Como é uma ilha relativamente pequena, as pessoas plantam de tudo em todos os lugares. Vimos horta na beirada de precipícios e em cima de penhascos rochosos. Alguns lugares do interior se parecem com o Peru, pois os madeirenses fizeram suas plantações utilizando terraços de pedra, iguais aos usados pelo antigos Incas.

O relevo da ilha bem acentuado. É muito dificil encontrar uma parte plana. Quase toda a ilha é coberta por montanhas, serras e vales profundos. Para vencer esta geografica dificil, os madeirenses se fizeram valer da engenharia contruindo pontes colossais e uma infinidade de túneis. Segundo me contaram, são mais de 150 túneis, o maior deles com três quilometros de extensão.

O problema do relevo reapareceu quando o governo resolveu ampliar o aeroporto local para receber grande jatos. Não havia terra suficente, pois a pista terminava em uma grande bahia. Solução? Construir um aeroporto suspenso por pilares. Uma obra de engenharia impressionante! Por cima uma pista de 3 quilômetros de extensão que suporta até jatos 747. Por baixo, entre as imensas pilastras, um complexo esportivo, estacionamento e marinha.

Ficamos encantados com a ilha assim que chegamos. Fomos recebidos pelo George, um dos proprietários da Madeira-Seekers, um ótimo receptivo local. Ele estava acompanhando pelo Jonh, um guia madeirense de corpo e alma. Junto ele nos preparam um super roteiro para as poucas horas que passariamos na ilha e foram muito competentes. O Jonh é uma sumidade em ilha da Madeira e história.

Depois de conhecer Funchal, a capital da ilha, seguimos para a vila de Machico. Nesta pequena baia, desembarcaram no século XV os primeiros portugues e construiram ali um fortim e uma pequena comunidade. Hoje a vila de Machico tem um patrimônio arquitetônico muito bem conservado e ruas simpáticas com restaurantes e cafés. Não deixe de subir ao mirante e observar não só a vila, mas também todo o vale e a parte norte da ilha.

Seguimos depois para o interior da ilha, subindo pelo vale de Machico e depois pelo vale de Faial. Chegamos quase a 1.500 metros de altura. Lá no alto, conhecemos um criadouro de carpas e fomos apresentados a duas tradições locais. A primeira foi a Poncha, uma bebida típica que lembra um pouco a nossa caipirinha. É feita com aguardente de cana, limão e mel de abelha. É servida em bares e restaurtantes de toda ilha, mas o melhor, dizem que é servido no bar do John. Na hora do almoço, paramos no Restaurante do Faísca na região do Ribeiro Frio. Lá experimentamos a espetada, um churrasco de lombo de vaca, feito em espetos de Louro. Tudo acompanhado de polenta temperada, salada e um pão mouro com azeite e ervas aromáticas. Não deixe de esperimentar o refrigerante local chamado Brisa. Uma delícia!

Depois do fabuloso repasto, voltamos para a estrada e atravessamos uma alta cordilheira coberta de pinheiros. Desta vez nos aproximando de Funchal pelo lado norte. No caminho paramos para conhecer a região do Monte. Esta parte de Funchal foi habitata por imigrantes ingleses durante muito tempo. Eles viviam na parte alta da cidade, por ser mais frio e fresco. Para evitar a caminhada montanha abaixo até o centro da cidade, os ingleses contratavam homens que empurravam uma espécie de trenó de madeira em forma de cesto pelas ruas de pedra. Isto foi há mais de 150 anos. Desde então, este diferente meio de transporte foi adotado pelos madeirenses e hoje é um dos principais atrativos turisticos de Funchal. O Cesto não tem rodas, apenas duas lâminas de madeira untadas com banha. Dois homens conduzem cada cesto empurrando e freiando quando é necessário. Eles usam roupas tradicionais com chapeus parecidos aos dos antigos estudantes de Cambridge (Inglaterra), além de botas com solas feitas de pneus. O trajeto dos cestos segue montanha abaixo por vias estreitas e não exclusivas, ou seja, junto com carros, motos e caminhões. Uma verdadeira aventura a toda velocidade.

Depois da emocioante descida, seguimos para a última parada de nossa visita, o Cabo Girão. Este promontório rochoso possui uma parede vertical com 580 metros de altura e ostenta o posto de segunda maior falésia do mundo. É uma queda impressionante!

Devido ao nosso itinerário, passamos apenas um dia na ilha da Madeira, pouco tempo para conhecer tanta beleza. Creio que percorremos apenas 20% de toda ilha e vimos paisagens maravilhosas. Para quem vier visitar a Ilha da Madeira, recomendo ficar entre 3 a 5 dias. Há muito o que ver e aprender sobre este pedacinho de Portugal no meio no Atlântico.  Boa viagem!

 

Peter Goldschmidt
Peter é membro da Família Goldschmidt e diretor-consultor de turismo da agência Gold Trip. www.familiagold.com.br //www.goldtrip.com.br

* Se vier visitar a Ilha da Madeira, use o serviços da Madeira-seekers. Profissionais competentes e excelente preço. Tel: (351) 918 375 661 / 934 026 255
www.madeira-seekers.com // email: madeira.seekers@gmail.com

 

** Fotos Família Goldschmidt e Eduardo Bovo Junior

*** Este diário faz parte de um relato sobre a viagem de travessia de Santos a Lisboa no navio Vision of the Sea em Abril de 2010.

   
   
   

 

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Travessia Rio – Salvador

Você já pensou em viajar de navio pela costa do Brasil? Nós fomos um pouco mais além. A bordo do Vision of the Seas, um cruzeiro da Royal Caribbean, nós realizamos a travessia do Oceano Atlântico entre o Rio de Janeiro e Lisboa, na Europa. Veja como foi essa viagem: Leia Mais